O vice-prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Marcelo Santos da Silva, já foi domador de cavalos. No entanto, ele nunca imaginou que precisaria laçar um animal nas condições vividas na última segunda-feira (6). Com água até o pescoço, o político fez o resgate de um cavalo que estava se afogando em uma rua de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, uma das mais afetadas pelas cheias.
“A gente estava resgatando pessoas, mas quando vimos o cavalo, jamais deixaríamos ele morrer”, diz Marcelo Gaúcho, como é conhecido.
Santo Antônio da Patrulha, a 80 km de Porto Alegre, entre a Região Metropolitana e o Litoral Norte, não sofreu grandes impactos com os temporais e as cheias, que já deixaram 100 mortos e 128 desaparecidos em todo o estado.
Com isso, Marcelo viajou para ajudar nos resgates em Canoas, onde mais de 50 mil pessoas vivem em áreas de risco, 15 mil foram levadas para 55 abrigos abertos e 11 bairros foram evacuados em razão das enchentes.
Foi também em Canoas que outro cavalo ficou ilhado em cima do telhado de uma casa nesta quarta (8) – este, até esta quinta-feira ainda estava à espera de resgate, que deve exigir uso de helicóptero.
“Eu vi o cavalo andando por tudo quanto é lado, estava só com o focinho para fora. Eu pulei na água, para botar uma corda. Botei num ‘jet ski’ e fui até dar pé para ele. Quando eu voltei, o mais bonito de tudo: o cavalo queria voltar junto”, relata.
Marcelo conta que não encontrou o tutor do cavalo resgatado, e que precisou montar no animal para dar direção a ele, já que aparentava estar “desnorteado”. O vice-prefeito ficou entre domingo (5) e terça (7) atuando no auxílio às pessoas afetadas.
A ação de Marcelo rendeu um elogio do prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Rodrigo Massulo.
“Ainda não conheci ninguém mais corajoso, mais coração e com ímpeto de salvar vidas que o meu vice-prefeito. Só posso pedir a Deus que o conserve sempre assim”, escreveu em uma rede social.
Nesta quarta (9), o vice-prefeito voltou para Santo Antônio da Patrulha, onde a prefeitura montou um ponto para arrecadação de alimentos e um abrigo para 200 pessoas.
Temporais no RS – O mais recente boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul manteve em 100 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. Há outros 2 óbitos sendo investigados. O estado registra 130 desaparecidos e 374 feridos.
Há 230,4 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 67,4 mil em abrigos e 163,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos). O RS tem 425 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,476 milhão de pessoas afetadas.
Porto Alegre voltou a registrar chuva e vento na tarde desta quarta-feira (8). A Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu um alerta de chuva forte e vento acima dos 90 km/h para grande parte do estado. Além disso, há possibilidade de descargas elétricas e queda de granizo.
As cidades do Sul do RS registram diversos transtornos devido às chuvas. Em Pelotas, na Praia do Laranjal, moradores estão em alerta para deixarem as áreas de risco. Segundo a prefeitura do município, 400 pessoas estão em abrigos. As aulas em escolas municipais foram suspensas até a próxima sexta-feira (10).
Em Rio Grande, na Lagoa dos Patos, mais de 200 pessoas estão fora de casa. Ao todo, são 223 desalojados e 49 em abrigos. Jaguarão e São Lourenço do Sul também já sofrem os impactos das chuvas.