- Author, Sean Seddon
- Role, BBC News
Há relatos conflitantes sobre a dimensão do ataque à região de Isfahan, assim como sobre a extensão dos danos causados — e a mídia estatal iraniana está minimizando sua importância.
A seguir, você confere tudo o que sabemos até agora sobre este último incidente.
Como sabemos que houve um ataque?
Israel não costuma confirmar suas ações militares, que em várias ocasiões tiveram como alvo grupos armados apoiados pelo Irã na Síria e no Iraque.
No entanto, autoridades americanas confirmaram à CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos, que um míssil israelense atingiu o Irã na madrugada desta sexta-feira. É altamente provável que os Estados Unidos tenham sido informados com antecedência sobre o plano de ataque.
Não está claro que tipo de armas foram usadas, nem de onde foram lançadas.
Fontes dos EUA disseram que um míssil foi disparado no ataque, enquanto o Irã afirmou que o ataque envolveu apenas drones de pequeno porte.
O governo do Irã controla rigorosamente o acesso ao país. A BBC não tem acesso direto à região central de Isfahan, onde o incidente ocorreu durante a madrugada.
O que o Irã está dizendo sobre o ataque?
Autoridades e meios de comunicação iranianos confirmaram que houve uma tentativa de ataque, mas estão minimizando a importância do incidente. Não houve relatos de vítimas.
A agência de notícias iraniana Fars noticiou que explosões foram ouvidas perto de uma base militar — e que sistemas de defesa aérea foram acionados.
Um canal de notícias estatal citou um general em Isfahan dizendo que as explosões ouvidas na região foram “devido a disparos de defesa aérea contra objetos suspeitos” — e que não houve danos.
A agência de notícias iraniana Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária do Irã, publicou um vídeo de uma instalação nuclear em Isfahan que não apresentava qualquer sinal de ter sido atingida.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que não houve danos às instalações nucleares do Irã.
Já Hossein Dalirian, porta-voz do Centro Nacional de Espaço Cibernético do Irã, disse que “não houve ataque aéreo de fora das fronteiras”.
Segundo ele, Israel “havia feito apenas uma tentativa fracassada e humilhante de pilotar quadricópteros [drones], e os quadricópteros também foram abatidos”.
O Irã chegou a impor restrições a voos comerciais nas primeiras horas após o ataque, mas as restrições já estão suspensas agora.
Também foram registradas explosões nesta madrugada no Iraque e na Síria — onde operam grupos armados apoiados pelo Irã —, mas não está claro se estão diretamente ligadas ao ataque em Isfahan.
O Ministério da Defesa da Síria disse que uma região de defesa aérea no sul do país foi atingida por um míssil israelense nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira. Israel não confirmou que estava por trás do ataque.
Por que Isfahan foi alvo do ataque — e por que agora?
A província de Isfahan é uma grande região no centro do Irã que leva o nome de sua maior cidade.
A região abriga importantes infraestruturas militares iranianas, incluindo uma grande base aérea, um importante complexo de produção de mísseis e várias instalações nucleares.
Este último ataque acontece menos de uma semana depois de o Irã ter lançado centenas de mísseis e drones contra Israel, um incidente visto como uma escalada dramática na tensão entre os dois países.
Apesar da grande dimensão e da natureza sem precedentes, o ataque do Irã foi em grande parte mal sucedido — a grande maioria dos projéteis foi abatida pelas defesas aéreas israelenses, com a ajuda dos EUA, Reino Unido e outros aliados.
Esta ofensiva em solo israelense foi em resposta a um ataque contra uma representação diplomática iraniana na Síria, em 1° de abril.
Israel também não confirmou publicamente que estava por trás do ataque, mas acredita-se amplamente que sim.
A tensão entre Israel e o Irã vai aumentar?
O significado real deste último ataque ainda está vindo à tona — e ainda não se sabe se o Irã vai tentar responder.
O correspondente de segurança da BBC, Frank Gardener, descreveu a dimensão do ataque desta sexta-feira como “limitada, quase simbólica” — e potencialmente destinada a garantir que o conflito não vá mais além.
Israel tem estado sob enorme pressão internacional por parte dos EUA e de outros aliados ocidentais para não tomar qualquer atitude que possa transformar a longa “guerra por procuração” entre os dois rivais no Oriente Médio em um conflito direto.
O recrudescimento das hostilidades acontece no contexto da guerra em Gaza, onde militares israelenses lutam contra o Hamas, apoiado pelo Irã.
Como a economia mundial reagiu?
Há preocupações de que o agravamento do conflito no Oriente Médio possa afetar o fornecimento de petróleo.
O petróleo tipo Brent, referência internacional para os preços do petróleo, subiu 1,8%, chegando a ser cotado a US$ 88 o barril, após o ataque.
Os preços do petróleo haviam subido inicialmente 3,5%, mas a cotação estabilizou quando se tornou claro que o ataque era limitado.
O preço do ouro — que é muitas vezes visto como um investimento seguro em tempos de incerteza — chegou brevemente perto de um recorde histórico, antes de cair para quase US$ 2,4 mil a onça.