Há cerca de cinco anos, os milhares de moradores dos bairros afetados pela mineração da Braskem em Maceió enfrentam os transtornos causados pela petroquímica, depois de décadas de exploração da sal-gema na região. Hoje, com o município em estado de emergência pelos próximos 180 dias, o foco se volta para a mina 18, no bairro do Mutange.
Localizado nas proximidades da Lagoa Mundaú, o solo da mina tem se acomodado e causado risco de desabamento. Esse colapso iminente pode mudar ainda mais a geografia da capital alagoana, segundo explicou o professor da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Dilson Ferreira, que é mestre em Meio Ambiente e doutor em Energia. Ferreira comentou os possíveis cenários em reportagem especial de Ivan Lemos.
“O primeiro cenário é o solo se acomodar e não abrir o buraco, seria o menor impacto, porque a área está isolada”, contou em entrevista ao programa Balanço Geral Alagoas, da TV Pajuçara/Record.
A segunda possibilidade, continua o professor, seria da cratera se abrir e a água da lagoa entrar, aproximadamente 50 milhões de litros, de acordo com a Defesa Civil. “Isso abriria um lago, com cerca de 100 a 200 metros de diâmetro. Haveria um tremor que a população sentiria, mas não se sabe se afetaria outros que não estão na área de risco”.
Esse buraco, de profundidade não especificada por conta da falta de informações precisas da Braskem, pode sugar a água e o que estiver passando perto, sejam pessoas ou embarcações, por isso o local foi isolado pela Defesa Civil.
“Se em 2018 foram duas minas que se juntaram e racharam várias casas, imagine 35 abrindo uma cratera, o que poderia gerar um efeito em cadeia de tremor. Não temos dimensão, nem dados, pela falta de registro histórico desde o início da exploração da sal-gema. Isso ajudaria a prever possíveis cenários”, alertou.
“O cenário da água entrando na mina, com resquícios de sal-gema, que é sal, pode ampliar a salinidade da lagoa, matando sururu, peixes e afetando o bioma”, finalizou.